domingo, 25 de outubro de 2009

Se eu tivesse que dar um conselho para o futuro, escolheria jogar Rugby

Encontrei isto no site da equipa da Marta Tartar. Pelo que percebi, é um testemunho da ex-presidente de um clube de rugby, Philly Women.

Vale a pena ler, e pensar sobre isto.

Nota: Traduzi e adaptei...



Se eu tivesse que dar um conselho para o futuro, escolheria jogar RUGBY. Os benefícios a longo prazo deste desporto têm sido comprovados por jogadores de rugby de todo o mundo. No entanto, o meu conselho baseia-se apenas na minha experiência no rugby dentro e fora de campo – por muito breve que seja.
Passo a explicar.
Aproveita o jogo enquanto ainda és jovem e não tens lesões. Ou melhor, esquece. Não irás dar valor à tua juventude até que rebentes o nariz, desloques o ombro ou torças um joelho.
Confia em mim, depois de alguns anos de experiência, e algum tempo dentro de campo, irás olhar para as tuas fotos, e vais-te recordar de tão bem que te sentias depois de jogares um jogo inteiro, e quão fabulosas a tua cara e as tuas pernas costumavam ser. Nunca serás tão velha como pensas que és. Apenas te irás sentir assim – bem-vinda ao rugby.
Não te preocupes com a tua saúde a longo-prazo. Ou melhor, preocupa-te, mas lembra-te que se te preocupares enquanto continuares a jogar rugby, será tão eficaz como tentares marcar um ensaio a partir da tua linha de ensaio, sem deixares cair a bola no chão.
O verdadeiro perigo para tua saúde não são as lesões que imaginas que te podem acontecer, mas sim aquela placagem às 2 da tarde, na segunda parte de um jogo numa tarde de sábado.
Pelo menos uma vez por época, voluntaria-te para jogar numa das posições que te deixa, desculpem o termo, borradinha!
RUCK.
Não sejas agressiva com os saltadores das outras equipas. E definitivamente não te metas com equipas que são mais agressivas que a tua.
MAUL.
Não desperdices o teu tempo com jogo sujo. Porque às vezes encontras-te no topo de um monte de corpos, como logo a seguir podes estar por debaixo. O jogo tem 80 minutos, e no fim, se alguém te tiver pisado, provavelmente ou tu ou uma da tua equipa também lhe terá deixado uma marca pelo menos uma vez durante o jogo.
Lembra-te das críticas construtivas que recebes. E esquece as queixinhas que acontecem dentro de campo. (Beber uns penalties de cerveja depois do jogo, vai-te ajudar a esquecer isso depois)
Guarda as tuas notas com as jogadas. E deita fora os teus antigos cartões de federada.

Bebe cerveja pela tua chuteira.

Não te sintas culpada se não souberes o que andas a fazer dentro de campo nos primeiros anos em que jogares rugby. As jogadoras com mais conhecimentos também não sabiam o que andavam lá a fazer quando começaram. E até a mais honesta das jogadoras mais experientes admite que ainda hoje não sabe tudo sobre o jogar rugby.

Toma muito Voltaren.
Sê simpática para os teus joelhos…e para os teus ombros…e para os teus braços…e para o teu pescoço…e, bem, para todo o teu corpo. Fazer sentir saudades quando ele deixar de funcionar como devia.
Talvez venhas a ser avançada, talvez venhas a ser 3/4s. Talvez as inscrições na federação venham um dia a ser mais fáceis, ou talvez não. Talvez venhas a ser eleita directora de equipa, talvez a tua contribuição se fique apenas por ser por seres o anfitrião dos jogos como o Rings of Fire. Mas faças o que fizeres, não te ponhas de parte, e dá sempre o melhor.
Lembra-te que qualquer equipa pode ganhar a outra um dia. Mas lembra-te que o inverso também acontece: e qualquer equipa pode perder para outra um dia.
Aproveita o teu corpo. Espera, esquece isso – tu jogas rugby! Abusa dele. Não tenhas medo do que é que as pessoas vão pensar… espera, esquece isso – tu jogas rugby! O medo não existe.
Dança – mesmo se fores uma avançada e não te achares tão magra como uma 3/4s.

Aprende a beber cervejas de penaltie para que possas jogar ao jogo do Barco decentemente. E senão souberes beber de penaltie – aprende, mas primeiro sai do jogo, para não quebrares o ritmo.

Não te sintas obrigada a ficar como vieste ao mundo. Até pode ter sido engraçado quando eras mais nova, mas agora cresceste. E as pessoas nos bares não estão mesmo interessadas em ver-te nua – e a tua equipa muito menos, já agora.

Conhece a tua primeira linha. Nunca se sabe quando é que uma delas se vai magoar ou retirar. Sê simpática para as tuas colegas de equipa. Elas são as únicas a quem nunca terás de explicar porque é que jogas rugby. 

Além de que elas são provavelmente aquelas que te vão meter no banco de trás do carro, quando tiveres podre de bêbada.

Aprende que as boas jogadoras vão e vem, mas quando elas saírem, trata-as como nunca quisesses que elas se fossem embora (pode ser que elas mudem de ideias). Trabalha para manter as caloiras, por quantas mais conseguires manter, mais pessoas terás para impedir que a tua equipa de desfaça, e mais pessoas saberão o teu nome quando tu te retirares, mas ainda te apeteça participar nos jantares.  

Se és uma 3/4s, joga com os avançados pelo menos uma vez, e considera-te privilegiada se algum dia puderes jogar um jogo todo na posição delas.

Se fores uma avançada, joga uma vez que seja com os 3/4s, e considera-te privilegiada se algum dia te aperceberes o difícil que é ganhar velocidade dentro de campo.

Está sempre disponível para jogar em mais do que uma posição.

Aceita uma verdade indesmentível: o árbitro não está minimamente interessado sobre o que tu achas que realmente aconteceu.

As outras jogadoras vão tentar marcar pontos e normalmente não costumam falhar e tu também um dia irás ficar velha. E mais tarde, vais-te tentar lembrar como era no princípio, e vais achar que os árbitros te ouviam, que as outras jogadoras costumavam falhar mais vezes, e que as jogadoras mais novas gostavam de ter veteranas em campo – mesmo que falhassem placagens por não conseguirem chegar a tempo. E que na tua altura respeitavas as jogadoras mais velhas.

Respeita as jogadoras mais velhas.

Não mandes vir com quem trata da parte administrativa, em qualquer que seja a situação. Lembra-te, que normalmente são pessoas que fazem aquilo voluntariamente para que as coisas corram melhor.

Elas fazem mais coisas do que possas imaginar, por isso, o mínimo que podes fazer é aparecer, pagar as quotas e jogar. E lembra-te que se te parecer uma grande chatice ter de dar a informação que te pedem para poderes jogar, imagina o que será reunir a informação de toda a gente e ainda organiza-la e processa-la.

Não esperes que alguém te estenda a mão quando estiveres no chão. Talvez tenhas colegas de equipa que te vão sempre levantar o moral. Talvez tenhas a sorte de ter um treinador que te inspire. Mas talvez não venhas a ter nada disso, e aí cabe-te a TI o papel de treinar bem, dar tudo em campo, e principalmente, jogar com o coração.
Não gozes com as jogadoras que usam capacetes. Elas estão apenas a tentar salvar o que lhes resta da sua massa cinzenta.
Tem cuidado ao escolheres um lado, quando algum problema surge dentro da equipa. Porque ambos os lados podem crescer. Lembra-te que a verdade está sempre algures no meio, e quando ela aparece, todas se irão esquecer das suas diferenças, e focar-se para aquilo que ali estão – jogar RUGBY.
Mas, lembra-te, também, que conseguir ultrapassar esses problemas é tão importante numa equipa, como entrarem juntas dentro do campo.
TU VAIS-TE TORCER, VAIS FICAR DURIDA, MAS TAMBÉM VAIS RECEBER PALMADAS NAS COSTAS, E BEBER CERVEJAS COM QUEM 30 MINUTOS ANTES TE DEIXOU ESTENDIDA NO CHÃO.

POR ISSO, CONFIA EM MIM NO QUE TOCA A JOGAR RUGBY …
VALE A PENA!
 

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