domingo, 25 de outubro de 2009


Abrimos a nossa rubrica de entrevistas com uma jogadora que já se pode chamar de veterana, visto que já se encontra na equipa desde 2004/2005.


Nome de guerra: Rita Teixeira
Tempo de vida na terra:
20 anos
Nome amaricado:
Cindy

Começo pela pergunta da praxe...como começaste a jogar rugby na Agronomia?

Então... O meu irmão joga rugby desde os 6 anos, ou seja, desde os meus 4. Desde os 4 anos que ando de campo em campo com o Belenenses para trás e para a frente. Na altura tinham uma equipa feminina, as Big Girls, onde eu sonhava um dia entrar. Foi assim que decidi jogar rugby. Mais tarde a Rita Albergaria, sabendo que gostava disto, desafiou-me para um treino na Agro e voilá!.. cá estou.

E lembras-te do teu primeiro treino? Algum episódio que queiras partilhar?

Claro que sim! Fim de tarde de Setembro, primeiro treino do ano para mim, 4º ou 5º para o resto da equipa; correr, correr, parar para descansar, "ai Duarte, tenho enxaquecas", "período de ovulação"- o resto é história... No fim o Duarte obrigou todas a baterem-me palmas (para me fazer sentir bem).

Desde desse dia foste cimentado o teu lugar dentro da equipa, dizem até que lideraste motins. É verdade?

Liderar, liderar, não digo. Mas que já participei de muitos, já..... Daqueles que criam grupos dentro de grupos...





E o teu lugar dentro de campo? Apesar de teres estado um ano fora - Erasmus na Bulgária - achas que pode estar em risco?

Esta pergunta tem muito que se lhe diga... Se por um lado o мекдоналдс (Mc Donalds em búlgaro) o pôs em sérios riscos, o êxodo urbano veio por as minhas perspectivas de carreira da oval na calha outra vez...







A que posição costumas jogar?

Pilaruxo, nº3.

Sentes-te satisfeita? Ou ambicionas subir na hierarquia?
Subir na hierarquia?! Isso supõe que exista algum tipo de hierarquia e que esta posição esteja no fosso. Na minha óptica a minha posição reflecte-se no nome que tem - o que é que se aguenta sem pilares que o sustentem? Utopicamente jogaria a asa ou a centro.

Quando falei em hierarquia Rita, referia-me aos números comuns no rugby...não esperava essa reacção socrática. Mas continuando, falemos agora da tua relação com os árbitros, que sabemos que pode ser às vezes um pouco difícil, como a classificas?
Classifico-a de... difícil, pois bem! Tanto os adoro, como os detesto. Não, pensando melhor só os detesto! (o que acaba por se reflectir no campo mais vezes do que gostava).

E achas que isso é sintomático no rugby feminino em Portugal? ou achas que é uma característica da equipa feminina da agronomia?
Não acho que seja uma reacção de grupo, mas sim individual. Se calhar a nossa equipa tem o azar de conter as peças com pior feitio. Mas no geral é tudo o mesmo género. Também o cenário da modalidade faz com que a proximidade árbitro-jogadora seja grande e, parecendo que não, isso acaba às vezes por contaminar os acontecimentos.

Qual foi o momento que mais te marcou no rugby?
Gosto sempre de comentar a nossa viagem de 6 horas a Arcos de Valdevez, marcada por uma vitória de 2ºC negativos sob uma chuva e granizo intensos; o aquecimento no balneário depois duma amarga derrota; o banho no barracão com chuveiro e garrafões de água gelada; o regresso e a sensação de dever cumprido. Depois há todos aqueles momentos que o rugby me proporcionou fora de campo, as amigas que conheci, as viagens que fiz, as noites no carro, os shotguns, os McDonalds, o campeonato 2006/07(! ) e o que se seguiu. Eleger UM é impossível.

Treinador? Porquê?
Duarte Galvão. Para começar foi o primeiro, depois tinha "aquelas" qualidades que eu acho que um treinador nosso deve ter: paciência, paciência, acreditar em nós, paciência, não se envolver de mais. Foi quem me ensinou a jogar rugby. Claro que é impossível esquecer quem me ajudou a evoluir, outros treinadores que me ensinaram truques e pequenas coisas importantíssimas!

E jogo? Porquê? Meia-final da taça contra o Benfica no sintético do EU. Precedido de um discurso importante no balneário - quando levávamos tudo a um nível quase profissional - e por uma penalidade contra bastante injusta e que ditou o final do jogo, esta partida foi totalmente frustrante para mim. Não consegui correr aquele bocadinho que faltou, não dei aquilo que faltava. Perdemos 6-5 mas ainda assim tivemos uma 3ª parte engraçada.

Numa altura em que o número de jogadoras não é ainda o suficiente, acreditas no futuro da equipa?

Obviamente que sim!! Quem não acredita não se envolve. Acho que no rugby feminino é tudo uma questão cíclica. De repente a equipa tem 25 jogadoras como passado um tempo o número já passou para metade. É pena não haver um compromisso tal que assegure continuidade a todas as equipas, penso que isso tem que ver com a idade com que se pode começar a jogar rugby - é numa idade em que já existe uma vida semi-independente e em que os interesses alteram-se à velocidade da luz. São tantas as equipas que vemos começar e depois acabar… Só não vai acontecer isso com Agronomia porque já levamos alguma (muita) bagagem e pertencemos a um grande Clube!!

E prognósticos para este ano? Ainda temos muito jogo na mão por distribuir!



Dizem que "abafas" a tua irmã Maria, e que se for preciso falas até com as ovelhas. O que tens a dizer sobre estas acusações?
A primeira é puro mito, já a segunda (ler entrevista TODA).... É fácil ser acusada de seja o que for, o mais fácil mesmo é mantermos a nossa vida no anonimato!!

O que mais gostas na equipa?
Gosto da heterogeniedade.

O que mais te irrita?
Irrita-me o "perdido por 100, perdido por 1000".

Vês-te a jogar muitos mais anos?

Sim. Só saio mesmo na ténue linha antes de ficar no estado que algumas das que jogam estão...

Colocarias uma filha tua a jogar na Agronomia?

Pergunta difícil...ahhmm, err... Claro que sim! Nunca cometi nenhuma ilegalidade(ou já?) nem pus a minha vida em risco (ou já?). Não interessa. Independentemente de todas as asneiras que possa ter feito ganhei MUITO mais do que aquilo que perdi.

Como caracterizas a equipa feminina da Agronomia?
Bem, a equipa de rugby feminina da Agronomia é, de longe, a melhor equipa onde já estive. É acessível, divertida, trabalhadora, a entreajuda no máximo, respeitadora, gozona q.b., resumidamente - é top!

O que é que já ganhaste no rugby, ou se preferires, o que é que o rugby já te deu? Entrei para o rugby na "fase crítica", com 16 anos, por isso o rugby deu-me muita maturidade. Sabem o slogan: "rugby a escola da vida?". Pois, essa é um bocado a realidade. O rugby ensina-nos milhares de coisas úteis.. Ensina-nos a aproveitar todo o nosso potencial, ensina-nos que dar 100% deixa-nos mais realizados e dá mais frutos, a aprender a perder, a saber ganhar, a respeitar o outro e a sua decisão, a ouvir (mesmo que revoltada, eu sei, é o meu caso) a decisão superior, a dar a mão ao que caiu para ele se levantar, mesmo que esse alguém seja da equipa adversária.. Enfim, e mil e uma outras coisas que acabo por não dizer para não me acusarem de "falar com as ovelhas".



Para finalizar, ao melhor estilo das entrevistas da Alexandra Lencastre, tens ainda 10 perguntas de resposta rápida.

Campo? Tapada, campo B.
Bairro ou Santos? Bairrantos
Chuva ou sol? Para jogar, chuva.
Desistir ou morrer em campo? Morrer em campo
Alumínio ou plástico? Alumínio
Mcdonalds ou Pateira? Pateira
Jogador? Bryan Habana (África do Sul)
XV ou Sevens? XV
Motorista ou Madre Teresa?
Motorista
Whisky ou pacote de leite?
Pacote de leiteeeeeeeee

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